A primeira fábrica têxtil do estado do Rio Grande do Sul surgiu em 1873, na cidade de Rio Grande, localizada no extremo sul do estado. Fundada por 3 sócios como Fábrica Nacional de Tecidos e Panos de Rheingantz & Vater, a empresa tinha como função principal o processamento de lãs vindas de outras cidades da região, localizadas próximo das fronteiras com o Uruguai e Argentina.
Sua criação teve como inspiração as fábricas têxteis europeias, tendo destaque para as alemãs e as inglesas. Rio Grande foi escolhida para sediar o empreendimento em função de sua localização estratégica, uma vez que, naquela época, já possuía uma estrutura portuária que permitia a importação de insumos necessários para a fábrica.
Alguns anos após a sua fundação, a Rheingantz (como era popularmente conhecida) passou pela primeira mudança na sua estrutura organizacional, sendo denominada a partir de então Sociedade Anônima União Fabril.
Com o passar do tempo e o desejo de crescimento e diversificação, a empresa incentivou a vinda de estrangeiros. Os alemães eram os mais requisitados para o setor técnico. Como consequência, a fábrica se tornou uma das 100 maiores indústrias do país e influenciou diretamente no crescimento e urbanização da cidade. Em 1907, o número de funcionários era de 1.008.
Poucos anos após a sua fundação (1884), foi criada uma vila operária em torno do prédio com o intuito de ter uma mão de obra estável e oferecendo (além de moradia) estudo, cultura, lazer e um sentimento de pertencimento e solidariedade. Porém, com o avanço dos anos e as crises internacionais, a Rheingantz decretou falência em 1968.
Dois anos depois, ela ressurgiu com novo nome e nova administração: Companhia Inca Têxtil. Entretanto, a empresa cessou seu funcionamento em 1990. Apesar de tombados, os prédios que fazem parte do Complexo Rheingantz (fábrica e vila operária) estão em situação de abandono. A deterioração é visível aos olhos de quem vive na cidade, mas a memória dos moradores não permite que a história fique no passado, sendo muitos os projetos de estudo sobre a Rheingantz em parceria com as universidades da região. Inclusive, a FURG, juntamente com a incorporadora proprietária do imóvel, assinou (em 2021) um documento em que ambas as partes demonstram esforços e interesses para instalar um museu na chamada “Nova Rheingantz”. Aos poucos, o passado volta se fazer presente!
Para quem tiver interesse, o perfil do Instagram @fabrica.rheingantz traz imagens e relatos de quem fez parte da empresa, vale a pena conferir!